quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Corpos

Cara, muitas coisas não são o que parecem... tirem suas próprias conclusões.

Corpos
Lucas Araujo

Corpos em movimento, eles vão e vem, me soltam e me apertam, mas sempre tornam a me prender.
As vezes me pergunto "onde estou?". Tudo de repente fica escuro, e pouco depois fica claro.
Não há lugar.
Quanto mais se aproxima, mais me dificulta respirar.
Respirar o ar esbaforido, denso, cansado. Sinto-o em meus ouvidos, nuca, rosto. Tudo fica tão junto que mal sinto meu corpo.
Estou em uma prisão de corpos, e não há tempo ou espaço para que eu possa sair.
Todos se completam.
Um precisa do outro para permanecer aqui. Ou então, cairá.
A única realidade que não passa de uma ironia, "quanto mais, melhor" eles dizem.
Me sinto sujo.
Corpos continuam a me prender por todos os lados, cadê o meu prazer?
Suor escorre sobre o meu rosto, costas, e até em lugares que até então não conhecia de meu corpo.
Há muito suor.
Um calor sujo me emana.
Não tenho noção de quanto tempo se passou, não me importo.
A irritação começa a subir sobre mim quando ouço a trilha sonora.
Trilha que não me agrada nenhum pouco. Assim como os odores que meu olfato capita ao redor.
Muitos partem, mas muitos outros chegam.
Sou levado nessa multidão.
Um orgia de corpos que não deixa sobrar espaço para perdição.
Se oportunidade surgir, cara, eu vou sair.
Não, não há.
Coisa mais desgravadável que usar.
Usar transportes públicos numa manhã na capital de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário